RIP, ABÍLIO DINIZ
Morreu, aos 87 anos, o último dos grandes senhores do capitalismo brasileiro, que embalavam os meus sonhos de aluno da FGV, no início dos anos 80.
Apesar da idade avançada de Abílio, sua morte me pegou de surpresa. Com seu DNA familiar e seu obsessivo cuidado com a saúde, eu esperava vê-lo na ativa com 100+ anos.
Uma pneumonite (não é pneumonia) o levou. Espero que reencontre seu filho João Paulo, precocemente falecido com apenas 58 anos de idade.
Abílio foi um ícone. Desde jovem. No esporte e nos negócios.
Naqueles tempos selvagens, ninguém chegava no patamar em que ele chegou, sendo um fofo.
Acho que nunca vi um empresário tão arrojado, agressivo, obstinado, duro e bravo!
Mas foi um homem do seu tempo. Tivesse hoje 30 anos, com a personalidade que tinha, seria capa de jornal diariamente, pelos motivos errados.
E a pilha de processos, por assédio (de todos os tipos), chegaria na Lua .
Sucumbiria a este mundo novo, que exige mais humanismo e menos belicosidade.
Abílio venceu quase todas as brigas que comprou. E como brigou.
Com a família, tocou pra fora os irmãos e os próprios filhos do Pão de Açúcar. Zero tolerância para quem não fosse muito eficiente (e obediente).
Ficou bilionário (em liquidez) ao vender parte do império ao francês Casino. E como brigou com o sócio! Até na Justiça entrou (e perdeu), para invalidar o contrato que lhe tirava o controle do GPA.
Pirracento, tornou-se um dos maiores acionistas do ex-arquirrival Carrefour. Aliou-se a estes franceses, para ajudar a derrubar o francês que o chutou pra fora do GPA.
Seu sonho? Recomprar o GPA a preço de banana, e fundir com o seu Carrefour - o CADE levaria 50 anos para aprovar, logicamente.
Também investiu pesado (e mal) na BRF. Por vender, ao longo de décadas, Sadia e Perdigão em suas prateleiras, Diniz achava que daria uma virada na indústria.
Tirou fora o excelente Nildemar Secches, colocou sua turma de banqueiros de investimentos, e queimou dinheiro.
Nos tempos recentes, ele estava feliz, escreveu um livro de auto-ajuda, dava aulas de lideranças, tinha programa na CNN.
Engraçado ter conhecido os dois Abílios: o dos anos 80-2000 e este dos anos 2010-2020.
O primeiro detestaria o segundo, e o segundo deve ter esquecido quem foi o primeiro.
Descanse em paz, Abilião!
Morreu, aos 87 anos, o último dos grandes senhores do capitalismo brasileiro, que embalavam os meus sonhos de aluno da FGV, no início dos anos 80.
Apesar da idade avançada de Abílio, sua morte me pegou de surpresa. Com seu DNA familiar e seu obsessivo cuidado com a saúde, eu esperava vê-lo na ativa com 100+ anos.
Uma pneumonite (não é pneumonia) o levou. Espero que reencontre seu filho João Paulo, precocemente falecido com apenas 58 anos de idade.
Abílio foi um ícone. Desde jovem. No esporte e nos negócios.
Naqueles tempos selvagens, ninguém chegava no patamar em que ele chegou, sendo um fofo.
Acho que nunca vi um empresário tão arrojado, agressivo, obstinado, duro e bravo!
Mas foi um homem do seu tempo. Tivesse hoje 30 anos, com a personalidade que tinha, seria capa de jornal diariamente, pelos motivos errados.
E a pilha de processos, por assédio (de todos os tipos), chegaria na Lua .
Sucumbiria a este mundo novo, que exige mais humanismo e menos belicosidade.
Abílio venceu quase todas as brigas que comprou. E como brigou.
Com a família, tocou pra fora os irmãos e os próprios filhos do Pão de Açúcar. Zero tolerância para quem não fosse muito eficiente (e obediente).
Ficou bilionário (em liquidez) ao vender parte do império ao francês Casino. E como brigou com o sócio! Até na Justiça entrou (e perdeu), para invalidar o contrato que lhe tirava o controle do GPA.
Pirracento, tornou-se um dos maiores acionistas do ex-arquirrival Carrefour. Aliou-se a estes franceses, para ajudar a derrubar o francês que o chutou pra fora do GPA.
Seu sonho? Recomprar o GPA a preço de banana, e fundir com o seu Carrefour - o CADE levaria 50 anos para aprovar, logicamente.
Também investiu pesado (e mal) na BRF. Por vender, ao longo de décadas, Sadia e Perdigão em suas prateleiras, Diniz achava que daria uma virada na indústria.
Tirou fora o excelente Nildemar Secches, colocou sua turma de banqueiros de investimentos, e queimou dinheiro.
Nos tempos recentes, ele estava feliz, escreveu um livro de auto-ajuda, dava aulas de lideranças, tinha programa na CNN.
Engraçado ter conhecido os dois Abílios: o dos anos 80-2000 e este dos anos 2010-2020.
O primeiro detestaria o segundo, e o segundo deve ter esquecido quem foi o primeiro.
Descanse em paz, Abilião!